terça-feira, 4 de dezembro de 2007

FORTALECE O CORPO E ENOBRECE A MENTE

Enquanto a prática das artes marciais define os músculos, a filosofia do esporte trabalha o espírito da garotada

Por ser uma luta, a arte marcial geralmente não é a primeira opção de atividade física escolhida para as crianças. Mas, contrariando a opinião de pais protetores, aulas de caratê, aikido e tae kwo ndo moldam o corpo e a mente dos pequenos. Enquanto queimam calorias e fortalecem os músculos, esses esportes ensinam importantes valores, como disciplina, respeito e humildade. De origem japonesa, essas três lutas têm base na filosofia dos samurais e prezam pela constante dedicação e autodefesa.

CARATÊ SEIWAKAI – Arte das mãos vazias
Apesar de ser a arte marcial de maior contato entre os lutadores, é ideal para as crianças mais agressivas melhorarem o comportamento. A razão é simples: a aula de caratê exige muita disciplina, fazendo o baixinho perceber a cada golpe os limites e o respeito que deve a todos. O treino físico também é bastante trabalhado pela atividade. “A luta une o exercício aeróbico e anaeróbico, funcionando como a junção da caminhada e da musculação. É ótimo para as crianças melhorarem o condicionamento”, explica Ademir da Costa, 46 anos, lutador há 35 e fundador da modalidade de caratê Seiwakai. De acordo com o professor, a criançada pode começar a lutar desde os cinco anos. As turmas são separadas conforme o nível de aprendizado, sem perigo para os pequenos. Para trocar cada uma das seis faixas é necessário passar em um teste que prova a dedicação e a habilidade de cada um.

AIKIDO – Caminho da força interior
A criança hiperativa é um problema dessa nova geração e uma forma de canalizar a energia é a prática do aikido. Os movimentos demonstram técnica, rapidez e, acima de tudo, leveza. Essa combinação de atributos deixa os lutadores mais tranqüilos em comparação a outras lutas. O professor Davi Barabani, 26 anos e lutador há 12, explica os princípios da arte marcial: “O aikido mostra para a criança que ela não precisa ter medo de cair. Isso porque ela se levantará muito rápido, mostrando que não sofreu com o golpe. Mais tarde, isso vai refletir nas atitudes que ela terá com a vida”, diz. O esporte trabalha os músculos do abdômen e das pernas, proporcionando flexibilidade e desenvolvimento da coordenação motora. A luta é ideal para crianças a partir dos sete anos. Existem sete trocas de faixa, que dependem da dedicação ao aikido e do desempenho no tatame.

TAE KWON DO – Caminho dos pés e das mãos
A maior preocupação dos pais quando vão colocar um filho tímido e quieto em uma aula de tae kwon do é a possibilidade de ele se tornar o próprio saco de pancada. Mas, por incrível que pareça, a luta ajuda a criança a crescer moral e fisicamente, fazendo com que fique mais extrovertida. “O tae kwon do ensina a defesa pessoal. Por esse motivo os alunos amadurecem e se tornam mais seguros e conscientes”, conta Marcos Gonçalves, 28 anos e lutador há 19. A luta também pode ser considerada um ótimo exercício físico, pois trabalha toda a musculatura do corpo, desenvolvendo equilíbrio, resistência, concentração e respeito com relação aos colegas e professor. Marcos recomenda a luta para crianças com mais de quatro anos. A troca das dez faixas prova o novo estágio alcançado pelo aluno, que só acontece com muita dedicação e disciplina.

Tira-teima
Esclareça suas dúvidas sobre os benefícios das artes marciais para crianças com Maurício de Sousa Lima, pediatra especializado em medicina esportiva do Hospital das Clínicas.

Quais são os cuidados que a criança deve ter?
O professor precisa estar atento ao limite físico do aluno. Isso varia conforme a idade, o peso, o sexo e a altura. A sobrecarga de exercícios pode causar lesões ou cansaço muscular à criança.

Quais são os benefícios da luta?
A partir do momento em que a criança ingressa nas artes marciais, passa a compreender o sentido de organização e divide melhor o seu tempo. O contato com a atividade física regular também estimula a elaboração de uma dieta mais saudável, além de prevenir doenças ligadas ao coração, distúrbios de sono e obesidade.
Publicado na Moema em Revista/ edição de outubro

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