"Estação Tietê, acesso ao terminal rodoviário Tietê", é assim que anuncia a caixa de som do vagão do metrô. Logo ao entrar na rodoviária, o burburinho é nítido e nem parece uma simples terça-feira. Com a passagem na mão, milhares de pessoas com malas, malotes, mochilas e pacotes perambulam pelo lugar.
A rodoviária do Tietê alcança números impensáveis e se depender deles a estação pode se transformar num shopping, numa rua de comércio popular ou mesmo numa residência familiar. Nesse caso, seria uma casa com custos altíssimos, afinal consome cerca de 9 mil litros de água e um milhão e dez mil metros de papel higiênico por mês. Espalhadas pelos dois pisos estão 74 lojas e quiosques, abrigando desde livrarias e bombonieres a lojas de roupa, tabacaria e fliperama. São oito caixas eletrônicos, agência de correio, dispositivos para carregar celulares e computadores portáteis. Até uma frutaria dá para encontrar, tão desconexa com o lugar que parece uma verdadeira feira-livre.
Existem também opções diferentes para pessoas diferentes. Se você se considera um cliente especial pode desfrutar de carregadores de bagagem que custam de 2 a 6 reais, dependendo do volume que você leva e também do táxi especial. O taxista Valdemar Ribeiro explica essa diferença: “Se você é especial, o preço é mais ainda!”. O valor cobrado é 50% mais caro que do carro comum.
Diferença é coisa que não importa na hora de ir ao banheiro. Que também é pago. Uma ida ao sanitário sai por 1 real e se você precisar de um banho depois de uma viagem cansativa, cinco reais e a toalha e o chuveiro sãos seus.
A madrugada do terminal é cheia. Ele fica aberto 24h por dia e os ônibus continuam saindo. Se precisar passar a noite na rodoviária, de banho tomado e bem alimentado, depois de escolher entre 19 áreas de alimentação diferentes, é preciso ficar em alerta, afirma o funcionário Edmilson Araújo, "um lugar onde tem muita gente, e de todo Brasil, não dá para ser totalmente seguro. Nesse meio, sempre têm pessoas de mal e de bem. Por isso a melhor maneira de não ser assaltado é não dormir".
Pequenos escritórios formam verdadeiros labirintos e fornecem posto de vacinação, serviço social para pessoas que procuram parentes na capital, e o curioso serviço de achados e perdidos. A sala esconde objetos incríveis como mão mecânica, colchão, dentadura, pneu e muitas malas.Usando um jeitinho bem brasileiro, quem estiver de partida pode terminar sua estadia na rodoviária com um cafezinho a gosto do freguês. Ou então, com um bom chopp do restaurante Estação da Gula. Para ficar com a cara do terminal, o lugar colocou a frente da carcaça de um ônibus nos fundos da chopperia.
Publicado no jornal da faculdade FIAM/ edição de 2006
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