terça-feira, 15 de julho de 2008

NATURALMENTE BELA


A verdade sobre os cosméticos naturais

Creme anti-rugas, máscara facial, esfoliante, xampu, enfim, produtos que deixam a pele tratada e bonita parecem não ter fim. A ação dos cosméticos sintéticos é retardar os sinais de envelhecimento quase que de imediato, resultados esses tão cobiçados pela mulher. No entanto, recentemente, a preocupação não só com a beleza, mas principalmente com a saúde, vem fazendo a cabeça de muita gente.

Essa tendência é visível, basta passear por entre prateleiras de uma perfumaria. Elas estão abastecidas com hidratantes a base de alfazema ou mesmo xampus de jaborandi. A Multi Vegetal, há seis anos no ramo da cosmética natural, é um exemplo de que pode fazer o mesmo produto freqüentar a sua penteadeira ou a lista de medicamentos de uma clínica. De acordo com Carlos Alberto Caetano, responsável pela empresa, “os fitocosméticos são melhor absorvidos pelo corpo, uma questão importante não só pela segurança, que raramente ocasiona algum efeito colateral, mas também pela eficácia que é certa”. Diferentemente dos produtos químicos, “cosméticos anti-rugas à base de ácido glicólico deixam a pele lisinha num primeiro momento, mas com o tempo ela volta a ser mais enrugada do que nunca e de forma irreparável”.

Os cosméticos naturais são defendidos e usados também pela fisioterapeuta Bruna da Silveira que utiliza o óleo de extrato de ervas baleeira e cocaíba em massagens e exercícios de relaxamento. “Meus pacientes notaram que a dor e o incômodo diminuíram bastante. Eu senti muita diferença entre esse tratamento e o convencional com química”. Outro ponto favorável é que esses cosméticos têm as plantas como matéria-prima, “o organismo não rejeita as substâncias retidas pela pele, agindo mais intensamente. A rapidez do tratamento irá depender da pessoa, o resultado pode aparecer em três dias como em três meses”, diz Caetano.
Com essas duas alternativas no mercado as pessoas passaram a questionar mais as qualidades de cada um, quais os efeitos e contra-indicação dos medicamentos. A partir desse novo comportamento, pode-se ver que independente dos rótulos mais cruéis, a saúde estará sempre na moda.
Não foi publicada, mas utilizada em um teste de seleção.

APRENDENDO COM O SAMBA REALIZA BINGO BENEFICENTE

Para 55 crianças da Vila Campestre, o samba vai muito além do ritmo, da dança ou da composição, ele é uma oportunidade. Essas crianças fazem parte do projeto Aprendendo com o Samba, que realizou neste último domingo um bingo beneficente para arrecadar verba para prosseguir com as atividades.

Cerca de 200 pessoas participaram do bingo e toda renda será revertida para compra de roupas, sapatos e instrumentos para as crianças. O próximo evento será a festa de comemoração de 2 anos do projeto, no dia 20 de agosto e são esperadas cerca de 500 pessoas.

Em parceria com a escola de samba Flor de Liz, o projeto ensina técnicas de percussão, dança e composição, mas o principal objetivo é unir o lazer a uma mensagem de cidadania. Pedro Marcelo e Fernanda Oliveira, organizadores do projeto, dizem que “as atividades não são apenas para tirar a criançada da rua, mas também para orientar o caminho e comportamento de cada uma”.

A professora de dança, Rose Oliveira, ressalta a importância de unir a prática da dança com os seus fundamentos. “As minhas aulas são práticas e teóricas. Ensino a sambar, mas também as origens da dança e música afrobrasileira. É importante que as crianças saibam o motivo de estarem dançando”.

Publicado no jornal Ipiranga News/ edição de junho de 2006

BRITÂNICOS SE SURPREENDEM COM A BELEZA DO JARDIM BOTÂNICO

O sucesso do Projeto Resistindo à Urbanização, realizado pelo Jardim Botânico de São Paulo, atraiu os olhares preocupados de cinco jornalistas ingleses. O grupo, guiado por Susan Sharoock, coordenadora da BGCI (Botanic Gardens Conservation International) do Reino Unido, passou pela cidade paulista Cananéia, pelo Jardim Botânico de São Paulo e por uma reserva do Rio de Janeiro, ficando no Brasil até dia 21 de julho.

Os jornalistas especializados em meio ambiente, desenvolvimento sustentável e cobertura de guerra - que escrevem para o grupo BBC (British Broadcasting Corporation), WWF (World Wildlife Fund) e o jornal Independent Sunday - farão um balanço sobre o estado atual de cada habitat brasileiro. Paul Clements, Ray Whittakea, Tim Hirsh, Alex Hartaridge e Brent Stirton são um dos três grupos que estudam a conservação da natureza no mundo.

O Jardim Botânico paulista, com 199 hectares, é a maior concentração de Mata Atlântica na capital e, segundo Tânia Serati, coordenadora do BGCI no Brasil, “o projeto visa a conservação da biodiversidade natural, conscientização da comunidade sobre a preservação da Mata e educar ambientalmente as crianças”.

A ação de levar um pedacço do Jardim Botânico para dentro de quatro escolas da região, ensinando as crianças a cuidarem e se acostumarem com a natureza impressionou o jornalista Ray Whittakea, do Independent Sunday. “O ponto mais importante desse projeto é colocar a criança em contato direto com o meio ambiente e descobrir a sua real importância”.

Publicado no jornal Ipiranga News/ edição de junho de 2006

sexta-feira, 6 de junho de 2008

ROTEIRO DE AVENTURA

Os mistérios do litoral paranaense

Calmaria, danças típicas e uma culinária de dar água na boca. Isso é o que todo mundo conhece do Paraná, mas agora você vai descobrir outros encantos que o estado reserva para aventureiros de todos os tipos

Localizado na região sul do país, o estado do Paraná é lembrado pela paisagem inebriante. Local onde estão os incontáveis rios que desembocam da serra e as araucárias mais altas. Nesse mesmo ritmo, é possível perceber a forte ligação com o folclore, seja na música, na dança ou na comida.

É impressionante como a maioria dessas regiões explorou o turismo até agora, divulgando apenas a culinária e apresentações típicas. Um exemplo é a cidade de Morretes, que continua atraindo turistas por causa do Barreado – prato característico da região composto de carne e toucinho, acompanhado por farinha de mandioca, banana e uma grande variedade de frutos do mar – e do fandango – dança típica trazida pelos imigrantes portugueses. Outro caso semelhante fica no Parque Estadual de Superagüi, complexo de ilhas que chamam mais atenção pela beleza das praias e rodas de fandango.

No entanto, há alguns anos o litoral passou a ser visto com outros olhos. Cachoeiras, trilhas e corredeiras que antes eram conhecidas apenas pelos moradores passaram a ser exploradas por viajantes em busca de aventura. Descubra agora quais são os mistérios que esse litoral reserva. Enquanto isso comece a fazer as malas, afinal os roteiros são de tirar qualquer um do sofá para colocar os pés na estrada.

PEDALANDO PELO INTERIOR

Com cerca de 17 mil habitantes, Morretes tem todas as características de uma cidade do interior, mesmo estando localizada na faixa do litoral. Lá, todo mundo se conhece e está pronto para ajudar. Se a dúvida é onde comer ou o que fazer há sempre alguém prestes a responder todas as suas dúvidas. “Quem é novo por aqui não sabe o quanto a cidade pode oferecer, principalmente para os que gostam de mato, cachoeira e montanha. Isso Morretes tem de sobra”, explica Marcelino, o taxista mais conhecido da cidade. Ele é o guia que qualquer viajante queria ter: não gosta de perder tempo quando o assunto é aproveitar uma viagem. Marcelino conhece o caminho para os principais roteiros de aventura da cidade e sempre que há uma brecha indica um ou outro ponto para visitação. “Você não pode deixar de voltar a Curitiba de trem, a viagem é bonita demais”, recomenda (veja quadro).

Mas se andar de táxi não é a sua praia, o melhor é optar pela boa e velha bicicleta, que faz uma grande diferença para quem quer conhecer a cidade. As melhores pousadas estão localizadas no decorrer da estrada, e para se locomover do centro aos arredores de Morretes a bike agiliza e muito o processo. A própria população tem o veículo como unanimidade, isso porque além de os carros dividirem espaço com elas nas ruas, todas as lojas e restaurantes tem aqueles suportes para estacionar a magrela.

Inspirada nessa atividade que é quase uma filosofia de vida em Morretes, a agência de ecoturismo da região, Calango Expedições, elaborou uma trilha de cicloturismo pelos arredores da cidade. O percurso passa por caminhos que guardam trechos de floresta atlântica ainda intocada, alguns dos principais rios da cidade e histórias da época da colonização.

O trajeto de 30 km é realizado em 3 horas, contando com as paradas para explicações do guia sobre o povoado, a vegetação e claro, para apreciar o visual que é incrível. O circuito ecológico é muito procurado por quem passa por Morretes, “quando o tempo está bom, eu saio praticamente todos os dias para fazer essa trilha”, conta o guia Osair, que nasceu em Morretes e conhece como ninguém os lugares mais escondidos da cidade.

Subidas e descidas permeiam o caminho que é recomendado para quem tem fôlego, mesmo o ritmo sendo mais lento. O caminho é todo de terra, ou seja, se o clima estiver muito úmido ou com chuva, saiba que você vai voltar para a pousada mais sujo do que pensava. O ápice do circuito é o momento que todo mundo cai na água para atravessar os quatro rios que cortam a trilha, entre eles o de maior extensão e mais bonito é o Marumbi.

Outras curiosidades do passeio estão em algumas paradas, entre elas, um restaurante de culinária italiana situado numa construção que data do início da escravatura no Brasil e tem pendurado nas paredes contratos com escravos e suas dívidas. Além de um engenho de cachaça, farinheira e fábrica de bala de banana artesanal.

De ‘rural’ na trilha

Se cair aquele temporal, ou você estiver fora de forma também dá para aproveitar o passeio. Nesses casos, o jeito é pegar o jipe aberto (se o tempo estiver bom) ou a rural, que é o mesmo carro, porém fechado. O legal é que também é possível passar por dentro dos rios e tudo mais. O trajeto demora cerca de duas horas, contando com as paradas.

O que levar

- Roupas leves
- Protetor solar e repelente
- Capa de chuva
- Roupa de banho
- Água
- Máquina fotográfica

Serviço

A agência de ecoturismo Calango Expedições disponibiliza as bicicletas e capacetes. O percurso é feito com guia e a trilha é percorrida com grupos a partir de duas pessoas.
R$ 40,00 por pessoa.


COM O PÉ NA MONTANHA

Apesar de parecer bem pequena, por causa da parte urbana que se resume a dois coretos, um centro histórico e duas igrejas, Morretes, que se estende pela estrada, faz divisa com outras oito cidades. Entre elas está a de Quatro Barras, lembrada sempre que alguém pergunta por uma trilha difícil, mas recompensadora. “O caminho do Itupava é imperdível, uma vez eu fiz a travessia e fiquei uma hora sentado num tronco observando um macaco”, conta Jeff Petersen, proprietário da pousada Hakuna Matata.

A opinião de Jeff é compartilhada por todos que conhecem a região. Porém a atividade não é tão democrática assim, mesmo na descida o caminho é pesado e depende do clima para que a trilha não se torne perigosa. O motivo é que o trajeto ainda conserva o calçamento original, formado por seixos centenários e cobertos de muito musgo, o que torna a trilha bastante escorregadia.

A travessia leva cerca de 8 horas e tem no total 16 km, saindo de Quatro Barras até chegar em Morretes. Com relação à altitude, o caminho inicia em 900 m, vai até o cume que está a 1100 m do nível do mar e depois desce até 15m, quando termina o percurso na faixa do litoral. A descida é um verdadeiro regresso ao passado, onde a história está presente em cada pedra e parada.

Antigamente, a trilha era o único acesso entre a planície litorânea e o alto do planalto paranaense.
O que salta aos olhos de quem passa pelo caminho é a riqueza da fauna e da flora presentes em toda a travessia que acontece no meio da Serra do Mar. A trilha está no coração do que restou da Mata Atlântica, e ao andar por ela é possível observar uma floresta densa e impressionante, afinal você passa tanto ao lado de árvores com mais de 30 m de altura, como de flores tão delicadas quanto a orquídea.

O reino animal também está muito bem representado na trilha, afinal como a mata foi praticamente intocada, muitas espécies continuam vivendo no seu habitat natural. Já foram registrados mais de 70 animais diferentes, e muitos deles revelam a realidade brasileira: estão ameaçados de extinção.

O verde que é predominante na paisagem, às vezes se choca com quedas d’água e ruínas da época da construção da ferrovia como a Casa do Ipiranga, ocupada por operários que moravam na região, e o Santuário do Cadeado, que fica no cruzamento da trilha com a ferrovia e era o escritório da Comissão Construtora da linha do trem. Vale lembrar que o ponto alto da caminhada é a vista para o Parque Estadual do Marumbi. Simplesmente de tirar o fôlego.

O que levar

- Roupa sintética
- Calçado reforçado, confortável e próprio para caminhada
- Roupa extra
- Protetor solar e repelente
- Lanche (barras de cereal, chocolate, frutas desidratadas e amêndoas)
- Água
- Mochila
- Máquina fotográfica

Serviço

O guia George Volpão é especializado em trilhas na região. É possível contrata-lo apenas para a diária da travessia, como combinar para que ele reserve hospedagem e transporte. George conduz grupos até cinco pessoas.
R$ 150,00 por pessoa (diária).


DE BIKE PELAS ILHAS

O litoral paranaense reserva ainda muitas surpresas agradáveis para quem visita a região. Belas praias e ilhas são reveladas quando o viajante parte rumo a Paranaguá, cidade portuária de onde saem os barcos para o Complexo Estadual de Superagüi.

Para sugar o que há de melhor no complexo, uma boa opção é fazer o circuito das três ilhas de bicicleta (Mel, Peças e Superagui) e esticar até a Ilha do Cardoso, já no estado de São Paulo. O roteiro é um pouco ambicioso e exige boa forma de quem se aventurar. Mas a recompensa é encantadora e diferente a cada ilha, encontrando sempre de um lado o mar e do outro, a mata fechada.

Quem faz o percurso não se arrepende e sempre promete voltar. Rhari Petersen, 24 anos encarou a aventura e diz que a viagem é imperdível, “é maneiro demais o contato que a gente teve com a natureza. O que dá mais prazer na viagem é a praia deserta e seus 37 km de extensão em Superagüi”, conta Rhari que viajou com a namorada e mais um casal de amigos no carnaval deste ano.

Há duas opções para realizar a viagem das ilhas. Ou você vai de barco de Paranaguá até a Ilha do Mel, atravessa de bike até a outra ponta, pega mais um barco até a Ilha das Peças, contorna pedalando e do outro lado parte de barco até Superagüi. Ou faz como Rhari, que foi de barco de Paranaguá a Superagüi direto, passando pelas Ilhas do Mel e das Peças, pedala os 37 km de praia deserta até chegar à Barra de Ararapira e atravessa de barco até a Ilha do Cardoso. “O pior da travessia foi a volta, quando já estávamos cansados, minha namorada, por exemplo, sofreu fortes dores no joelho. Para piorar, choveu muito naqueles dias e aconteceu a pior ressaca da região, que foi capaz de derrubar uma torre construída na Ilha das Peças”

No trajeto, Rhari demorou dois dias para chegar na Ilha do Cardoso. Ele então aproveitou para acampar uma noite em Superagüi, lugar que merece um destaque especial pelas belezas naturais e ar rústico que instiga os viajantes.

O que levar

- Bicicleta
- Roupas leves e bastante confortáveis
- Protetor solar e repelente
- Lanche reforçado
- Água
- Mochila
- Lanterna
- Barraca e utensílios para acampamento
- Máquina fotográfica


A DOIS PASSOS DO PARAÍSO

O lugar é deserto, povoado por pescadores, as casas são simples e de madeira, já foi terra de uma tribo indígena e hoje é o refúgio para românticos incuráveis ou simplesmente pessoas com espírito aventureiro. A Ilha de Superagüi surpreende por ser um lugar intocável e detentora de uma beleza rara.

A razão de a Ilha ainda não ter sido descoberta por turistas e viajantes como a do Mel, é a divulgação dela, que é quase inexistente. Prova viva é o meio de locomoção para chegar até lá. O barco de linha sai apenas três vezes por semana, em um único horário, de segunda, quarta e sexta-feira, por volta das 14h. Mas não existe certeza de que o barco vai chegar ou partir nos dias e horário combinados, tudo depende do mar e do marinheiro.

O percurso de 40 km com esse barco demora de 2 horas – se o tempo estiver bom, sem vento e mar tranqüilo – caso contrário leva mais de 4 horas. Quem não quer contar com a sorte pode pegar uma lancha, mas precisa combinar antes com o dono dela, que são geralmente os proprietários de pousadas na Ilha. A viagem é bem mais rápida e em menos de 50 minutos você chegará em Superagüi, mas essa rapidez também tem um preço especial. Enquanto o barco de linha pede R$ 20,00 por pessoa, a viagem de lancha não sai por menos de R$ 200,00.
Mas depois que a travessia acaba e Superagüi finalmente toma forma, é notório que todo o trabalho valeu a pena. A primeira vez de Vanessa Guimarães na Ilha foi inesquecível para ela. “O lugar é lindo e reserva tantas surpresas que dá vontade de largar tudo e ficar aqui, só curtindo sol, brisa e água fresca”, conta a estudante.

E Vanessa tem razão quando cita as surpresas de Superagüi, a Ilha consegue agradar, e fato, a todas as preferências. Se você gosta de mar, vai ficar de olhos arregalados quando perceber que ao caminhar pela beira da praia deserta, a menos de 10 m, aparecem botos a cada minuto passeando pela baía. Os botos não são como os golfinhos que saltam sempre que podem, eles são mais discretos e saem apenas um pouquinho da água, o suficiente para quem está na areia enxergar a barbatana superior deles.

Por outro lado, se você é vidrado em trilhas por entre florestas fechadas, Superagüi tem um caminho de 4 km que passa por meio de uma mata tropical. Se você tiver tempo e ficar bem quietinho, é capaz de observar diversos animais passeando na floresta, principalmente macacos e micos de cara preta – espécie descoberta na Ilha.

Mas se isso tudo ainda não foi o suficiente, você tem duas chances de ficar de queixo caído com um fenômeno que acontece no início da manhã ou no final da tarde, por volta das 17h: a revoada dos papagaios Chauás. Os pássaros saem juntos de manhã para se alimentar na ilha e depois vão embora.

A noite de Superagüi também não pára. Ela é marcada pelo folclore da região litorânea do Paraná. Rodas de fandango acontecem no bar Akadov e reúnem grande parte da população da Ilha e os viajantes que estão de passagem.
Se a pressa não for sua inimiga, aproveite a estadia e passe horas na praia deserta e não esqueça de estar lá quando o sol se pôr. Definitivamente é a hora mais bonita do dia. Superagüi é um lugar inspirador e apaixonante, que vale, e muito, conhecer.

O que levar

- Roupas leves e confortáveis
- Protetor solar e repelente
- Lanterna
- Roupa de banho
- Máquina fotográfica

Serviço

O roteiro também pode ser guiado pela Calango Expedições, que disponibiliza transporte, hospedagem e refeições. Não há número mínimo de pessoas para a agência acompanhar a viagem.
A partir de R$ 1.075,00 por pessoa.

Serra nos trilhos

Para voltar de Morretes a Curitiba não existe caminho melhor que o pela linha ferroviária, como recomendou o taxista Marcelino. A viagem, que corta a Serra do Mar dura 3 horas cravadas, e pode ser comparada aos city tours em grandes cidades. Durante os 32 km de trilhos, uma comissária conta a história da estrada e atenta para os pontos mais bonitos do caminho, como a cachoeira véu da noiva, a garganta do diabo e o rio Ipiranga. Quando o céu está limpo e sem nuvens é possível ter uma vista linda do Parque Estadual do Marumbi. O percurso atrai centenas de turistas que enchem os vagões do trem que viaja, em média, a 12 km/h. O trecho final da viagem, que termina na estação ferroviária de Curitiba (ao lado da rodoviária) deixa evidente a desigualdade presente no Brasil. De um lado da janela, diversos aras embelezam o horizonte, enquanto do outro lado da linha do trem cidades pequenas de construções modestas mostram que a miséria está presente em qualquer passeio pelo país. O trem parte todos os dias de Morretes a Curitiba às 15h. O caminho inverso também acontece diariamente, saindo de Curitiba às 8h15. R$ 18,00 por pessoa.

Lado feio do paraíso
Como todo lugar que sofre um crescimento ou exploração sem planejamento, Superagüi, que hoje conta com cerca de mil habitante, também tem seu lado feio. Garrafas pet, sacolinhas, restos de comida, papéis e plásticos. Todo esse tipo de lixo – que poderia ser reaproveitado com reciclagem, artesanato e outras medidas – é visto durante uma caminhada pela Ilha. Parte é culpa da população, parte do governo que não incentivam a reciclagem ou o recolhimento do lixo de maneira apropriada. No lugar há uma sede do Ibama, mas alguns moradores acham a atuação do órgão inexpressiva. Quando a sede do Ibama foi procurada pela reportagem da Aventura e Ação não havia ninguém no local no momento.

Roteiros para todos os gostos

Quanto maior o tempo para gastar em Morretes, mais roteiros aparecem para os aventureiros. Descubra outras opções para aproveitar a sua viagem.

Salto da Fortuna

A 11 km do centro de Morretes, localizada no Parque Estadual do Pau Oco, essa cachoeira tem 50 m de altura e oferece em sua base uma grande piscina natural. Para chegar até o local é preciso fazer uma caminhada de 1h30. Não esqueça de levar roupas confortáveis e de banho, além de repelente, protetor solar, água e claro, a máquina fotográfica. A trilha é feita a partir de duas pessoas pela Calango Expedições. R$ 60,00 por pessoa.

Bóia-cross

A 6 km do centro da cidade, localizado na região de Porto de Cima, a descida tem 3 km e passa pelos rios Ipiranga e Nhundiquara. A descida é feita em bóias individuais e dura cerca de 2 horas. No decorrer do percurso, duas grandes piscinas naturais fazem a alegria de quem opta pelo esporte. Para a descida, use uma camiseta de manga comprida, para que a bóia não cause irritação na pele, e não esqueça de colocar um calçado fechado. A melhor época para a travessia é o verão, uma vez que o rio mantém o fluxo normal de água. Coletes salva-vidas e capacetes são disponibilizados pela Calango Expedições, que faz a descida com grupos de duas a 15 pessoas.
A partir de R$ 65,00

Montanhismo no Parque Estadual Marumbi

A 15 km de Morretes, localizado na Área de Proteção Ambiental da Serra do Mar, o Parque oferece seis opções de caminhada para o viajante:

- Piscinas naturais do Rio Taquaral: apenas 10 minutos de trilha até o local.
-Cachoeira dos Marumbinistas: cerca de 40 minutos de caminhada até a queda d’água.
- Rochedinho: com 625 m de altitude, a subida leva em torno de 40 minutos.
- Abrolhos: com 1.200 m de altitude, a subida demora cerca de 2h30 minutos.
- Ponta do Tigre: com 1.400 m de altitude, são cerca de 3 horas de caminhada.
- Olimpo: com 1.539 m de altitude, são aproximadamente 3h30 minutos de caminhada.
Leve roupas leves, jaqueta de tecido sintético, protetor solar e repelente. A Calango Expedições realiza as trilhas com grupos a partir de duas pessoas.
R$ 60,00 por pessoa.


SERVIÇO

MORRETES

Onde ficar

Pousada Hakuna Matata
R$ 275,00/casal (pensão completa)
A 5 km do centro da cidade. Ampla área verde onde ficam os chalés para cada casal. Oferece piscina normal e aquecida, ofurô, quadra de vôlei e futebol e playground. Área social com jogos de tabuleiro e lareira. Café da manhã é servido na varanda do chalé.
Estrada Reta do Porto de Cima, km 5,5
(41) 3462-2388
http://www.pousadahakunamatata.com.br/

Pousada Trilha da Serra
R$ 150,00/casal (com café da manhã)
Próxima ao centro da cidade. Os quartos são arejados e confortáveis. Área social com bar e restaurante. Todas as quartas e sextas, a pousada faz a noite do kibe, oferecendo diversas receitas do prato árabe.
Rua Luiz Brambilla, 64 – Vila Santo Antônio
(41) 3462-1071
http://www.trilhadaserra.com.br/

Onde Comer

Restaurante Madalozo
Rua Almirante Frederico de Oliveira, 16
(41) 3462-1410/3462-1882

Ponte Velha
Rua Almirante Frederico de Oliveira, 13
(41) 3462-1674

Restaurante Casarão
Largo Dr. José Pereira, 25
(41) 3462-1314/3462-1349

SUPERAGÜI

Onde ficar e comer

Pousada Sobre as Ondas
Varia entre R$ 25,00 e R$ 70,00 (com café da manhã).
Funciona como um hostel. Quartos são amplos e arejados e na varanda tem lugar para pendurar rede. Oferece bar e restaurante.
De frente para a praia, próximo ao querapiche de desembarque dos barcos.
(41) 3482-7118
http://www.superagui.net/

AGÊNCIAS DE ECOTURISMO E GUIA

Calango Expedições
A agência de ecoturismo é especializada em atividades de aventura na cidade de Morretes e região.
Praça Rocha Pombo – Estação Rodoviária
(41) 3462-2600
http://www.calangoexpedições.com.br/

Guia George Volpão
George é especializado em trilhas nas montanhas da região do litoral paranaense, entre eles a travessia do Itupava.
(41) 3679-7435/ 9638-4664
georgenasnuvens@yahoo.com.br

Publicado na Aventura & Ação/ edição de janeiro de 2008

DA ÁGUA PARA O VINHO

Como simples atitudes diárias podem transformar o relacionamento entre pais e filhos

A longa espera de nove meses acabou e o seu tão esperado filho nasceu. Mas, às vezes, a felicidade que acompanha os primeiros anos dessa nova família pode se transformar em uma dolorosa realidade de brigas e desentendimentos. Ane Patrícia Flora é uma mãe que convive com os problemas de uma relação difícil com o filho Vinicius, de 14 anos. O motivo: a combinação da personalidade introspectiva dele com atitudes um tanto rígidas por parte dela. “Eu era chamada na escola por ele se envolver em brigas e o Vinicius sempre omitiu sua culpa. Por saber desse histórico, eu o repreendia mesmo antes de entender o que tinha acontecido”, conta.

Há três meses, ela encontrou na terapia uma forma de rever as suas ações. Conseqüentemente, o relacionamento com o filho melhorou. “Hoje eu o questiono de um jeito que ele possa se abrir comigo e falar como se sente. Quero reforçar a nossa relação de mãe e filho e nos deixar mais próximos”, explica Ane, que percebe a melhora no comportamento de Vinicius mesmo em tão pouco tempo de mudanças.

Entre pais e filhos
A psicopedagoga Betina Serson dá algumas dicas para tornar esse relacionamento mais fácil.
- Não espere do seu filho um comportamento muito além da idade dele.
- Leiam juntos. Essa atividade ajuda no desenvolvimento da leitura e cria um vínculo entre vocês.
- Se você não morar com o pai ou a mãe da criança, tenha as mesmas regras nas duas casas e tente não denegrir a imagem do ex para o seu filho.
- Quando estiverem conversando, dê total atenção e também desligue o celular. Tente dedicar cinco minutos do dia ao seu filho e sentirá a diferença no relacionamento.
- Planeje atividades que tenham interação e troque idéias durante ou depois da diversão.
- Faça pelo menos uma vez por semana um jantar especial. Desligue celulares e computadores. Essa é a hora ideal para saber o que está acontecendo na vida dos seus filhos e para que a família possa conversar.
- Você é o maior exemplo que seu filho tem na hora de aprender a se comportar. Portanto, tome cuidado ao se relacionar com outras pessoas na frente dele. Afinal, ele seguirá os seus passos.
- Quando seu filho gritar ou chorar em público, não ceda para fazê-lo parar. Dessa forma, ele vai aprender que para conseguir o que quer basta chorar na frente das pessoas.
- Imponha limites desde bebê, de acordo com a idade e a compreensão dele.
- Lembre-se: você é o adulto.

Publicado na Moema em Revista/ edição outubro de 2007

BALADA QUE INCENDEIA

Munido de boa música e um ambiente indescritível, o Little Darling agita a noite de Moema



É difícil imaginar um bar onde a mesma banda é sensação há 13 anos. E mais: um drink tem trilha sonora própria e pessoas de todos os tipos lotam o lugar madrugada adentro. Tão complicado que o Little Darling poupa você do esforço, reservando só o lado da diversão para quem freqüenta essa balada com tanta história para contar.

Durante o dia, o lugar é apenas um bar fechado, como outro qualquer. Mas quando a noite cai e os néons são acesos, o Little Darling supera todas as expectativas. Flavia Ponzoni mora a três quadras da balada e sempre se perguntou o que funcionava no local. “Aqui era uma incógnita para mim, até que um amigo me convidou e eu aceitei na hora. Agora estou descobrindo os mistérios do Little Darling, um lugar imperdível”, conta.

Um dos motivos do sucesso da balada é a trilha sonora. A banda Revival é a principal atração há mais de uma década. O som é o melhor do rock nacional e internacional dos anos 50, 60 e 70. “Tocamos aqui desde o começo da banda. Essa é definitivamente a nossa casa”, diz Eduardo Perez, vocalista do grupo. Quem também não sai do Little Darling é Vanderlei Menezes, vocalista e guitarrista da Jolly Roger, que toca há sete anos na casa. “Não consigo ficar longe nem na minha folga”, brinca. “Quando não estou tocando, venho curtir a noite e até dá para tomar um V8”, completa Vanderlei, que recomenda a todos a bebida mais cobiçada do Little Darling.

A receita do drink, que combina oito destilados diferentes (ou não!), é guardada a sete chaves pelo proprietário do lugar, Ché Ricca: “Não posso contar o que tem na bebida, mas que faz sucesso... Isso faz! Por noite, sai pelo menos uns duzentos V8”. Quem pede o drink recebe uma atenção especial. A cada V8 servido numa bandeja flamejante, a banda pára e toca a trilha do drink. Quem adorou a surpresa foi Karina Misiuk, que foi pela primeira vez ao Little Darling e acatou à sugestão do garçom. “Pedi um V8, mas não sabia dessa produção toda. A bebida é gostosa: doce quando põe na boca e quente quando engole”, explica. E é nesse ritmo ardente que a casa faz o maior sucesso há 16 anos. Pelo andar do Little Darling, a balada, o drink e a banda vão longe.

Publicado na Moema em Revista/ edição outubro de 2007

SABORES DA TAILÂNDIA

Mistura de condimentos, texturas e aromas representa a variedade que essa culinária pode oferecer

Quando alguém pensa na Tailândia, a primeira imagem que vem à cabeça são praias paradisíacas e clima tropical propício para deitar numa rede e desfrutar de uma paisagem de encher os olhos. Para acompanhar o ritmo do lugar, a culinária também é quente, bonita e muito saborosa.

A mistura e o contraste dos sabores e das cores é o que torna essa culinária tão atraente. E para satisfazer a vontade dos moradores da zona sul, o restaurante Tiger chega à Vila Nova Conceição, com a proposta de oferecer a verdadeira comida oriental, englobando as culinárias japonesa, chinesa e tailandesa. Para isso, não poupou esforços.

A chef Popy é natural do país e faz questão de manter as receitas originais da Tailândia, importando praticamente 90% do que é utilizado nas receitas. “Os ingredientes vindos de lá são mais picantes e acentuam o sabor dos alimentos”, conta Popy. Além de o sabor ser diferente, no Brasil é praticamente impossível encontrar produtos como, por exemplo, pasta de camarão, arroz jasmim ou massa de arroz.

O colorido dos pratos, que contam com uma caprichada apresentação, chama a atenção para receitas que abusam do sabor agridoce. Essa mistura entre o doce e salgado, com toques cremosos (leite de coco, molho de ostra e de tamarindo) e picantes (pimentas variadas, curry e folha de limão), é o que faz a comida tailandesa ser uma novidade agradável para o circuito gastronômico paulistano.

Como essa culinária ainda não é tão conhecida, o restaurante pensou em uma maneira de apresentar diferentes pratos de uma só vez. Além do cardápio à la carte, há o menu degustação, composto por entradas com especialidades japonesas, pratos tailandeses, grelhados, sushis e sashimis. Dessa forma, o freqüentador toma conhecimento dos diferentes sabores que a culinária reserva. Além disso, a equipe do Tiger é qualificada para sugerir ao cliente o que mais lhe apetece.

RECEITA

Kún Pád Priou Wan

Ingredientes
6 camarões grandes e limpos
2 fatias de abacaxi
1 pepino Japão sem casca
1 tomate grande
½ cebola branca
2 cebolinhas verdes
1 pimentão vermelho
2 dentes de alho
2 colheres (sopa) de ketchup
½ colher (chá) de molho de pimenta
1 colher (sopa) de açúcar
2 colher (sopa) de nam pla (molho de peixe)
2 colheres (sopa) de óleo

Modo de preparo
Refogue os camarões em fogo brando com alho e óleo por aproximadamente três minutos. Assim que estiverem macios, coloque na mesma panela o ketchup, o molho de pimenta e de peixe, o açúcar, a cebola, todos os vegetais (pepino, tomate e pimentão) e o abacaxi, deixando por mais oito minutos. Adicione a cebolinha, mexa e desligue o fogo.

Rendimento
2 porções

Publicado na Moema em Revista/ edição dezembro de 2007

O MENINO CRESCEU

Pedro Malta brinca, desenha e lê gibi, mas já pensa na vida como gente grande

O garoto que encantou o Brasil ao interpretar Lipe, filho de Fábio Assunção na novela global Coração de Estudante, em 2002, não é mais o mesmo. Como toda criança que lida com grandes responsabilidades, Pedro Malta amadureceu rápido e hoje, aos 13 anos, ele encara o futuro seriedade.

Quando não está em cena, Pedrinho, como é chamado pela família, se diverte ao brincar com os amigos, ouvir música e ler quadrinhos. “Ele guarda aquele jeito brincalhão de qualquer criança e não é diferente de um menino da idade dele”, conta Salete, mãe do ator. Porém, no momento em que entra no estúdio de gravação e as câmeras são ligadas, Pedro se revela um verdadeiro profissional.

Seja atuando em Vidas Opostas, novela da Rede Record, ou como repórter do programa Hoje em Dia, o menino surpreende com a sua desenvoltura. Também pudera: ele tem um currículo de primeira, com participações em novelas, minisséries, peças de teatro e cinema, além de já ter faturado mais de oito prêmios de melhor ator mirim – recebidos pelas revistas Contigo e Conta Mais e pelo programa Domingão do Faustão.

A aceitação de Pedrinho se deve à dedicação que tem na hora de montar os personagens. “Cada papel tem um pouco de mim e por isso fica mais verdadeiro”, explica. Ele revela que o mais difícil foi interpretar os gêmeos Eduardo e Ricardo, na novela Prova de Amor, em 2005. “Além de trabalhoso, porque eu tinha que gravar primeiro um e depois o outro, era complicado dar o tom certo de cada personagem”, lembra.

Foram esses desafios que fizeram o ator se apaixonar pelo cinema. Seus ídolos? Spielberg e Quentin Tarantino. O amadurecimento de Pedro também mudou a visão dele em relação à literatura e à música: “O último livro que li foi a biografia de Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, e agora me interesso mais por bandas de grunge e rock”. Pelo jeito, o lado criança de Pedro Malta vai abrindo espaço para um adolescente cheio de idéias e talento para colocar tudo isso em prática.

TALENTO NATO
Criança que é criança brinca, se diverte e dá risada. E claro que isso não seria diferente com atores mirins, que ganham fama logo cedo. Klara Castanho é um exemplo. Com apenas seis anos, a atriz encanta muita gente na telinha, mas não perdeu o jeito de moleca. Ela ficou conhecida aos quatro anos, após protagonizar um comercial de uma operadora de celular. Desde então, não parou mais. “Adoro aparecer na televisão e acho que me divirto mais do que trabalho”, conta. A pequena prova ser um talento nato quando o assunto é interpretar. Klara vive Bel no seriado Mothern, da GNT, e impressiona os telespectadores com uma atuação convincente. Mas ela faz questão de deixar claro que não é parecida com a personagem: “Eu não sou mal criada como ela”. A rotina atribulada não atrapalha a infância da menina. “Os trabalhos não são uma obrigação e eu passo isso a ela”, diz Karla, mãe da atriz. “O que importa é que ela vive a situação como uma grande brincadeira”, completa.

Publicado na Moema em Revista/ edição outubro de 2007

segunda-feira, 19 de maio de 2008

REMANDO PELA VIDA

A bordo de um caiaque, Eugênio Manzini enfrentou o câncer e de quebra mais 12.500 km o esperam na costa brasileira

Enquanto passou dois anos em tratamento contra o câncer, o professor de educação física, Eugênio Manzini, 48 anos, tinha na cabeça apenas uma coisa: o projeto Remando pela vida – vencendo o câncer. Nele, Eugênio remaria pela costa brasileira a bordo de um caiaque para mostrar que além de vencer a doença também superaria um desafio e tanto no mar.

A&A:Quando descobriu que tinha câncer e quanto tempo teve que ficar em tratamento?
E.M: Eu descobri que tinha câncer em outubro de 2004. O tumor foi encontrado no pescoço, porém os médicos ainda não sabem como ele apareceu, por isso a cada seis meses preciso fazer exames para checar se está tudo bem. Com relação ao tratamento, a quimioterapia durou sete meses e também fiz 35 seções de radioterapia.

Aventura&Ação: Por que você escolheu o remo para fazer esse projeto?
Eugênio Manzini: Eu sou professor de educação física e sempre estive muito ligado ao mergulho e natação. Antes do câncer eu nunca tinha feito remo, mas o escolhi porque é a atividade aquática que exige mais esforço físico. E para me superar no esporte, como me superei na luta pela vida, precisava de uma atividade que realmente pedisse muito de mim.

A&A: Quando surgiu a idéia de remar como forma de superação ao câncer?
E.M: Todas as sextas-feiras eu ficava cerca de 5 horas nas seções de quimioterapia e para não desistir da vida me apeguei a essa idéia de remar pela costa brasileira quando tivesse superado a doença. Dessa forma eu também incentivava as pessoas que faziam quimioterapia comigo, elas viam que a doença não era ligada somente com a morte, mas com a superação, com a vida e no meu caso, com o mar.

A&A: Você remou o tempo todo sozinho, em algum momento achou que não iria conseguir?
E.M: Fazer esse trajeto sozinho foi mais complicado porque eu não contava com o apoio de ninguém enquanto estava no mar. Mas mesmo assim, eu nunca tive dúvidas de que conseguiria chegar aonde queria. Isso porque se eu venci o câncer, que não dependia do meu esforço, no remo, que eu só precisava da minha força para chegar, eu tiraria de letra (risos).

A&A: Quais foram as maiores dificuldades do trajeto?
E.M: Eu tive três pontos muito difíceis nessas duas travessias que fiz até agora. O primeiro foi um temporal que eu peguei saindo da Barra do Una e indo em direção a Bertioga. A chuva estava muito forte e eu errei a entrada de Bertioga, acabei tendo que remar por 12 horas até chegar à praia do Perequê, no Guarujá. O segundo momento foi na travessia do canal entre Cananéia e Iguape que aconteceu um fenômeno raro: a maré de Fizigia. Naquele dia a maré mudou apenas duas vezes e não quatro como de costume. Ou seja, tive de remar contra a correnteza durante quase 11 horas, ao invés das sete que eu tinha previsto. O terceiro foi quando eu perdi uma das mochilas de água no mar, entre Iguape e Peruíbe. A maior complicação é que com a radiação do tratamento contra o câncer eu perdi as glândulas salivares. Nesse trajeto tive que remar por cinco horas sem água doce, sendo que normalmente eu bebo em média um litro por hora.

A&A: E para a próxima travessia, no Rio Grande do Sul, você já sabe quais serão os momentos críticos que o esperam?
E.M: Já previ os principais que serão: corrente de água gelada que vem da antártica, um trecho de 130 quilômetros de mar aberto sem águas calmas ou abrigos e o trajeto que está na rota de navios dos portos perto de Santa Catarina.

A&A: Me fala um pouco sobre o barco, você o escolheu pelo nome?
E.M: Não tenha dúvidas, escolhi o caiaque que chama VENCEDOR para que fosse vitorioso comigo. A cor dele também é proposital. Vermelho é a cor do câncer e branco é pela paz. O barco é um Sky Rider extremamente instável, porém muito veloz. Ele tem apenas 52 centímetros de largura e quase 6 metros de altura.

A&A: Quantos quilômetros você remou no total?
E.M: Por enquanto eu remei 641 quilômetros, porém o projeto de remar a costa brasileira tem 12.500 quilômetros.

A&A: Como estão os preparativos para 2008?
E.M: Eu estou com alguns problemas de logística. Para remar o sul e sudeste foi mais fácil, pois podia levar o caiaque no meu carro. Mas para o restante do Brasil, ainda estou vendo como conseguirei transportar o barco. Fora isso todas as rotas já foram estudadas e pretendo terminar o projeto em maio de 2009.

A&A: Como é essa experiência para você?
E.M: Remar para mostrar que consegui vencer o câncer me deu ainda mais força. O mais legal é que por todos os lugares que eu passei, seja em praias nobres como no litoral norte de São Paulo ou perto de vilas de pescadores no litoral próximo do Paraná, muita gente se animava em me ver remando e vencendo a doença. Fiquei surpreso quando uma senhora que estava em um iate pediu para tirar uma foto minha para mostrar ao neto, que estava dentro do barco, triste porque estava com câncer. Ou seja, o trajeto que eu estou fazendo tem como objetivo mostrar para as pessoas portadoras da doença que elas também podem vencer o câncer como eu.


Rota escolhida

Até o mês de novembro, Eugênio Manzini concluiu duas etapas do projeto.

- Primeira fase 14 a 21 de abril: Paraty a Santos, em São Paulo – 331 km
- Segunda fase 24 a 28 de outubro: Paranaguá, no Paraná até Peruíbe, em São Paulo – 310 km

Em dezembro ele completará a terceira etapa, finalizando o trecho sul e sudeste do Brasil. A rota desenhada é do Farol de Santa Marta, no Rio Grande do Sul até Guaratuba, no Paraná, entre 22 a 5 de janeiro. Essa etapa terá o total de 655 quilômetros. Durante o ano de 2008 até maio de 2009, Eugênio pretende terminar os 12.500 quilômetros previstos.

Publicado na revista Aventura & Ação/ edição de janeiro de 2008

DE OLHOS BEM ABERTOS

Foi sonhando acordado que Lassine Doumbai conquistou a atenção e o afeto de brasileiros e africanos

Nascido em uma vila esquecida pelos Deuses, no país de Mali, na África, Lassine Doumbai é um negro de riso fácil. A simpatia é notável mesmo falando por telefone, e a clareza com que expõe uma vida inteira é digna de um orador profissional. Mas talvez o que mais impressione na história de Lassine seja a sua misão. Quando perguntado qual seria o título que daria a sua vida deixa claro que não veio ao mundo para ser apenas mais um. “O que me faz um humanitário”, essa é a vontade e a sina dele que escreve com as próprias mãos o seu destino.

Em 1950, a vila onde Lassine nasceu, chamada Pumqoungodiem, não tinha eletricidade ou água encanada. O banheiro era a árvore mais próxima e as crianças brincavam descalças nas ruas. Assim como nesse vilarejo, tantos outros com algumas centenas de habitantes sem escola, médicos ou atenção, se alastram pela África. Essas tribos podem ter mudado de nome, tamanho ou região, no entanto, mesmo passado mais de meio século depois do nascimento de Lassine, a realidade miserável continua igual. Continua lá.

O preconceito não é privilégio da África do Sul. Em Mali, apenas as crianças ricas ou filhas de militares podiam freqüentar as salas de aula. Lassine diz que “da mesma forma que o comércio, hospital e clubes ficavam na cidade, a escola também tinha sede lá. A distância decidia quem podia estudar. Isso porque somente as famílias bem de vida moravam na cidade, e claro, eram os filhos dessas casas que enchiam as salas de aula”. Porém, o africano que na época ainda era uma criança não desistiria tão fácil. O jeito foi caminhar dia a dia 15 quilômetros até chegar à escola, da vila para a cidade, da cidade para a vila. Quando ganhou uma bicicleta para agilizar as idas e vindas, decidiu que carregaria consigo seus dois irmãos mais novos. Pena que estudaram por menos de dois anos. Por que? Pergunte a minha família”.

Depois do colégio veio a vontade de cursar uma faculdade. Dumbai penou, mas conseguiu uma bolsa para ingressar na universidade de Mali. Começou a trabalhar como jardineiro na casa de um diplomata francês. Da amizade que nasceu entre os dois, a indicação feita pelo patrão fez com que o africano finalmente conseguisse o seu lugar na faculdade de contabilidade. Graças aos contatos que tinha com gente rica e influente, Lassine viajou para Londres, Estados Unidos, Holanda e França como representante comercial.

“Falo inglês, francês, o dialeto de Pumqoungodiem e posso arriscar o português. Aprendi tudo isso viajando. O Brasil cruzou meu caminho em 2001, para aperfeiçoar o meu tae kwon do e sem mais, eu me achei nesse lugar. Um dos professores da academia que freqüentava no bairro do morumbi dava aulas para crianças na favela de Paraisópolis e um dia fui com ele. Aquilo fez com que voltasse para a minha infância. O Brasil é como a África em tudo: os ricos, são ricos demais e os pobres... ah os pobres vivem como eu vivi e como ainda vivem os que estão por lá, sem nada e a mercê das vontades alheias. ”

Enquanto o Brasil, seu povo e sua cultura ficavam mais presentes na vida do africano, ele ficou sabendo da doença do pai. Em 2004, Lassine teve de largar o projeto que havia começado com a paulistana Cristina Peres – AfricaBrasil, um intercâmbio entre a arte africana e brasileira – para rever quem precisava dele. Dias depois o pai morreu, e o próximo passo de Lassine foi construir um centro médico no vilarejo em que nasceu. A dificuldade de visitar um médico foi a responsável pela morte do pai e isso, se dependesse de Lassine, não iria mais acontecer. Hoje, o centro de saúde está espalhado por dezenas de vilas em Mali, o que ainda é pouco se levado em conta a necessidade dessas pequenas comunidades.

Para mim não existe a frase: é errando que se aprende. Nós só entendemos e evoluímos quando queremos acertar, quando se pensou muito antes de agir, quando erramos faltando muito pouco para acertar”. De que adianta o mundo dizer que está ao lado da África com relação à miséria, à Aids, ao preconceito se isso não sai do plano teórico. Se alguém realmente quisesse ajudar, alguma coisa maior já teria acontecido, porque não é possível errar tanto e nunca aprender. O povo africano precisa de pequenas ações, assim como a que eu fiz. Hoje, eu ajudo daqui de Washington DC, nos Estados Unidos (onde mora com a esposa e dois filhos). Trabalho para o governo norte-americano e consigo falar com pessoas que podem fazer alguma coisa pelo meu país, pelo meu povo. Aos seis anos Lassine descobriu que o futuro da África também poderia estar em suas mãos. Isso aconteceu quando sua mãe o levou para conversar com uma vidente cega da tribo sobre um sonho que ele havia visto dormindo. Naquele dia a vidente disse: ‘suas visões têm um poder maior que imagina menino. Não tire seus sonhos da cabeça porque são eles que vão guiar o seu caminho’. Hoje, eu sei que esse futuro de conquistas e desafios, não é apenas meu mas da África também”.

UniFiamFaam - março de 2007

CHEGOU A VEZ DELAS

Depois de muito preconceito as mulheres tomam a dianteira e mostram que dão conta de tudo o que o homens fazem e muito mais


Qual homem não perderia a cabeça por uma mulher amarrada em um espartilho? Em pleno século XXI provavelmente a grande maioria deles. Mas há cerca de 200 anos esse mesmo espartilho significou o dever do silêncio e respeito da mulher ao seu homem e à sociedade patriarcal da época. Hoje elas têm o apoio do mundo em sua luta contra o preconceito e desvalorização, porém para isso acontecer foi necessário que 130 tecelãs morressem queimadas em uma fábrica enquanto reivindicavam por direitos trabalhistas em 8 de março de 1857.

Aliás, os sacrifícios vão além da greve das trabalhadoras em Nova York. Mulheres ainda sofrem com violência, salários mais baixos, empregos piores e por aí vai. A lista de reclamações continua e ainda parece não ter fim. No entanto muita coisa melhorou. Para provar essa virada feminina houve a chegada da pílula anticoncepcional, abertura do mercado de trabalho e até mesmo a ONU – Organização das Nações Unidas – se mostrou disposta a entrar na briga quando declarou 12 direitos especialmente para as mulheres, entre eles direito à vida, à liberdade de expressão, a planejar uma família e decidir quando ter filhos.

A emancipação feminina foi uma grande conquista, porém, traz um outro desafio: se desdobrar em duas, três e até em quatro para fazer bonito em casa, no trabalho, com filho, namorado e ainda arranjar tempo para limpar a casa e fazer academia. Parece impossível, mas Christina Biltoveni é uma das mulheres que prova o contrário. Jornalista, 38 anos, Chris quase enlouquece mas consegue em uma semana trabalhar para as revistas Boa Forma, Dirt Action e Bike Action, ser professora no UniFiamFaam para 150 alunos divididos em quatro turmas, dar atenção para o filho Bruno de três anos, arrumar a casa, fazer academia e ainda sair à noite, claro, porque ninguém é de ferro. “Meu desafio é encontrar tempo disponível nas 24 horas do dia pra fazer tudo o que preciso. Muitas vezes, não dá. É uma luta diária contra o relógio. Eu estou sempre correndo, voando... É isso que me deixa ligada no 220”, completa.

A independência e o despojamento de Chris custam caro para ela. Mesmo vivendo em uma sociedade moderna, muitos se impressionam com a maneira de ela levar a vida. “Sei que sou diferente daquele modelo tradicional. Muitas mulheres têm inveja e os homens parecem ter medo desse meu jeito livre, leve e solto de ser”, diz sempre com muito bom humor. Hoje, ser aceita pode ser um obstáculo tanto para uma mulher conservadora que tenta se encaixar num meio moderno, como para quem preze a independência mas encontra no caminho pessoas preocupadas demais com o que os outros vão pensar. Talvez, o que a mulher precise dela mesma e da sociedade é aceitar as diferenças e a ela própria. Biltoveni não muda sua vida por causa de terceiros, “vou tentando ser feliz e ponto final”, e acredita que tudo é uma questão de tempo para as pessoas perceberem que, agora, a vez é das mulheres.

Publicado na revista Girafas SP edição maio de 2007

Luz, câmera e ação

O lema uma idéia na cabeça e uma câmera na mão vira coisa séria quando entra em cena o Instituto Criar. Lá, jovens carentes de 17 a 20 anos consideram o interesse por música, cinema e TV uma oportunidade perfeita para transformar a paixão pelo audiovisual em profissão. O projeto nasceu em 2003 e recebeu a primeira turma com 100 alunos um ano depois. O principal objetivo é a inserção dos participantes no mercado. Com a duração de dois semestres, o curso ensina a parte técnica e, no final, os alunos realizam um trabalho para unir todas as áreas que a oficina cobre – direção, produção, áudio, vídeo, figurino e cenário. Douglas Freitas, 22 anos, participou do primeiro grupo no segmento de operação de áudio e é exemplo vivo da oportunidade que o Criar oferece. “O Instituto me fez crescer muito pessoal e profissionalmente. Hoje estou numa produtora musical e não sei o que faria se não tivesse passado por lá”.

Publicado na revista Paulistana (UniFiamFaam), dezembro de 2007

domingo, 20 de abril de 2008

TEST DRIVE - Sim aos cosméticos


Quando a minha filha veio com uma história de que eu precisava me cuidar mais, passar uns cremes no rosto e prestar atenção nas rugas, eu logo pensei: “Essa menina, no mínimo, enlouqueceu”. E explico porquê tal pensamento: eu, corretor imobiliário do mercado de luxo, 52 anos, com cara de 30 e corpinho de... bom, acho que me encaixo melhor num 'corpão' de 49, ainda faço muito sucesso. E o que são algumas rugas? Isso só demonstra que tenho experiência de vida. Já a barriga, posso justificar pelo roteiro gastronômico que freqüento, afinal, boa comida nunca se deve recusar. Mas sabe como é mulher, bate o pé, faz cara feia e fica buzinando até a gente aceitar.

Segunda-feira

No acordo, eu experimentaria dois produtos para o rosto por uma semana. “Primeiro o esfoliante e depois o hidratante facial, não vai esquecer”, repetiu ela dezenas de vezes. Claro que não esqueceria. Tomei meu banho, saí do chuveiro, fiquei diante do espelho e antes de encarar o dito cujo pensei, “mas qual a quantidade de gel que eu passo?”. Isso ela não falou! Mas não perguntaria para a menina, era capaz de ela rir da minha cara e nem responder. Quanto mais, melhor, não é? Portanto estendi a mão e enchi do gel com aqueles grãos parecidos com areia e passei no rosto com toda 'delicadeza' que ela me pediu. “Pai, esses cristais servem para remover as células mortas”, pois é, mas não foram só as mortas que saíram com aquele esfrega-esfrega, as vivas também entraram na dança. Terminei aquela 'adorável' experiência com o rosto vermelho e ardendo. Depois jantei com uns amigos do futebol e nada mais. Fui lembrar da porcaria do “hidratante que controla a oleosidade da pele”, como ela explicou, só depois que voltei pra casa. Assim que cheguei em casa, passei, o que acabou sendo bom, porque o meu rosto estava bem ressecado. Acho que usei um pouco demais, porque ficou meio melecado, mas a intenção era compensar o tempo perdido. Pelo jeito não deu muito certo.

Quarta-feira

De manhã ela me liga. “E aí pai, correu tudo bem? Não esqueceu de passar o esfoliante e depois o hidratante?”, e eu, “claro que não, fiz tudo como você pediu”. Desliguei e caminhei até o banheiro, a minha sabatina estava prestes a começar. Tomei banho, saí do chuveiro, fiquei diante do espelho e antes de encarar o dito cujo me preparei: coloquei uma quantidade de esfoliante que cobriu apenas dois dedos, espalhei um pouco na outra mão e, de lá, para o rosto. Esfreguei com menos empolgação e enxagüei. Esquecendo o fato que encharquei o banheiro inteiro lavando o rosto para tirar o esfoliante, correu tudo bem. Não ardeu, não fiquei em carne viva, o rosto parecia mais limpo e desta vez lembrei do hidratante. Passei em menor quantidade que da primeira vez, mas aproveitei para colocar um pouco na mão e nos braços, afinal o creme era cheiroso. Ontem a minha secretária até perguntou que perfume eu estava usando, e claro que respondi, "nenhum, esse sou eu mesmo!"

Sexta-feira

Dono de uma pele que parecia bunda de bebê, no último dia do acordo fiquei com uma dúvida. Não sabia se dava o braço a torcer à minha filha, confessando que as secretárias de todos os andares jaziam suas mãos em meu rosto com o mesmo comentário “nossa, que pele macia” e perguntaria onde se arranja mais daqueles produtos, ou se fingiria que não teve diferença alguma, que estava feliz e bonito igualmente -- correndo o risco de nunca encontrar o esfoliante e o creme (que tirou aquele brilho da minha testa). Depois de tomar banho, sair do chuveiro e ter usufruído o dito cujo, toca a campainha. Claro que era a minha filha na porta, esperando para ver com os próprios olhos o resultado da façanha. “Pai, você está lindo! Que pele é essa? Agora admite que eu tinha razão". O que eu poderia responder? “Filha, admito que eu gostei do creme e do esfoliante, acho que vou aderir à moda, mas você também precisa concordar que o modelo ajuda”.
Publicado na Revista Sênior/ TCC (Fiam) edição de dezembro

AGITO TOTAL

Carga Máxima

O Power Mix, programa que mescla exercícios de resistência localizada e treinos cardiovasculares, é a novidade que está dando o que falar na Activa Pinheiros. O treinamento desenvolvido pela Fit Pro trabalha todos os músculos do corpo em uma aula de 1 hora, e chega a queimar até impressionantes mil calorias! O segredo está na estrutura dos treinos que favorece o fortalecimento e definição muscular e a diminuição daquelas indesejáveis gordurinhas. Outra diferença está na utilização de barras e anilhas durante as aulas para intensificar o trabalho localizado. Cida Conti, criadora do programa afirma que “é possível observar os resultados em dois meses de prática regular da atividade”.

Força de atleta

O tão falado treinamento funcional finalmente deixou de ser um privilégio de esportistas profissionais para invadir as academias. A novidade, agora, tomou conta da Clínica Movimento Corporal que faz uso da criatividade para tornar as aulas mais atrativas, sem deixar de conseguir os resultados esperados. O treinamento funcional trabalha força muscular com movimentos específicos e utiliza uma infinidade de objetos para auxiliar a prática, entre eles bolas de tênis e futebol americano, bastões, pranchas, rolos e elásticos. O professor da Clínica, Fernando Millaré, lembra que o treinamento é baseado na retomada do equilíbrio corporal, e por isso é interessante fazer o aluno interagir com um objeto diferente. As aulas têm duração de 1 hora e deve ser conciliada com treinamento aeróbico.

Flexibilidade máxima

Para quem acha que alongamento é sempre a mesma coisa, a Competition prova o contrário. A academia é a primeira do Brasil a trazer o Flexability, da Technogym, formado por dois aparelhos voltados para o alongamento e aumento da flexibilidade, perfeito para fazer depois do término da sua série de musculação. O objetivo é alongar e relaxar os músculos que sofrem maior pressão durante o dia, principalmente para as pessoas que passam muito tempo em pé ou sentadas na frente do computador. Os aparelhos ajudam a alongar as partes posterior e anterior da coxa, glúteos, lombar e peitoral. Com o uso freqüente do Flexability, você também melhora o desempenho nos treinos de musculação e cardiovasculares, além de criar consciência corporal, evitando lesões por causa da má postura.

Pronta para o combate

Você pode até achar estranho, mas optar por uma luta na hora de malhar faz um bem danado! E na hora de escolher, Kung Fu é uma ótima idéia. A rotina dos treinos, além de queimar calorias e tonificar os músculos, ainda libera todo o estresse acumulado durante o dia. Apesar de ser um tipo de luta, o Kung Fu não oferece riscos à saúde de ninguém. E com prova disso, cada vez mais mulheres procuram o esporte para conseguir autocontrole e se ver livre das pressões cotidianas. O que melhora ainda mais esse cenário é o corpo que você vai conseguir após cerca de três meses de prática, já que uma aula de Kung Fu pode queimar até 500 calorias.
Publicado na Boa Forma/ edição de abril

A CÉU ABERTO

Pedal das Estações percorre São Paulo

Para os ciclistas de plantão, o Sampa Bikers está com um circuito que promete fazer qualquer um se apaixonar por essa paulicéia desvairada. O Pedal de Outono reunirá até 100 pessoas dia 30 de março para percorrer pontos históricos de São Paulo. O roteiro é ideal para quem está acostumado a pedalar trechos com subida e em torno de 20 km. A saída será do Shopping West Plaza, às 10h, e de lá seguirá para o Minhocão, Estação Julio Prestes e Luz, Teatro Municipal, entre outros. Depois de quatro horas com a sua magrela, além de enxergar a cidade com outros olhos, o passeio é um exercício e tanto, podendo queimar até 2.000 calorias. As inscrições começam dia 20 de março e custam 20 reais, e você também ganha uma camiseta (de uso obrigatório no dia do circuito) e um squeeze. Anote as datas dos próximos passeios: pedal de inverno no dia 8 de junho e de primavera, dia 28 de setembro.


Animação outdoor

Passar um final de semana afastada dos grandes centros pode significar muito mais que escapar da correria e estresse do dia-a-dia. E é isso que o Hotel Estância Barra Bonita pretende ao oferecer um ambiente descontraído e repleto de atividades ao ar livre para os hóspedes. Localizado na cidade de Barra Bonita, o lugar é uma ótima alternativa para quem quer curtir com a família e amigos dias de diversão com um visual de tirar o fôlego. Além de oferecer um espaço de 450 mil m² completamente arborizado, quadras, um parque aquático e diferentes atividades comandadas por monitores pra lá de animados, o hotel organiza passeios de barco pelo rio Tietê, em trechos onde ele é navegável, e por incrível que pareça, com águas limpas e cristalinas.


Um yoga inesquecível

Quem já fez uma aula de yoga sabe: a prática coloca seu corpo e mente em sintonia, os harmonizando de tal forma que o relaxamento se torna uma agradável conseqüência. E para melhorar ainda mais, o que você acha de fazer essa aula em um gramado macio, escutando um barulhinho de água correndo e se sentir ainda mais leve ao respirar ar puro? Pois é, o Ibiquá Eco Resort, localizado na cidade de Avaré, colocou tudo isso em prática para você não ter que se preocupar com mais nada além de curtir esse momento. As aulas de yoga, com 2 horas de duração, estão inclusas na diária e não têm restrição alguma. Muito pelo contrário, você só tem a ganhar quando perceber que está fazendo uma saudação ao sol em pleno pôr-do-sol.


Publicado na Boa Forma/ edição de abril

REMANDO PELA VIDA


A bordo de um caiaque, Eugênio Manzini enfrentou o câncer e de quebra mais 12.500 km o esperam na costa brasileira

Enquanto passou dois anos em tratamento contra o câncer, o professor de educação física, Eugênio Manzini, 48 anos, tinha na cabeça apenas uma coisa: o projeto Remando pela vida – vencendo o câncer. Nele, Eugênio remaria pela costa brasileira a bordo de um caiaque para mostrar que além de vencer a doença também superaria um desafio e tanto no mar.

Aventura & Ação:Quando descobriu que tinha câncer e quanto tempo teve que ficar em tratamento?
Eugênio Manzini: Eu descobri que tinha câncer em outubro de 2004. O tumor foi encontrado no pescoço, porém os médicos ainda não sabem como ele apareceu, por isso a cada seis meses preciso fazer exames para checar se está tudo bem. Com relação ao tratamento, a quimioterapia durou sete meses e também fiz 35 seções de radioterapia.

A&A: Por que você escolheu o remo para fazer esse projeto?

E.M: Eu sou professor de educação física e sempre estive muito ligado ao mergulho e natação. Antes do câncer eu nunca tinha feito remo, mas o escolhi porque é a atividade aquática que exige mais esforço físico. E para me superar no esporte, como me superei na luta pela vida, precisava de uma atividade que realmente pedisse muito de mim.

A&A: Quando surgiu a idéia de remar como forma de superação ao câncer?
E.M: Todas as sextas-feiras eu ficava cerca de 5 horas nas seções de quimioterapia e para não desistir da vida me apeguei a essa idéia de remar pela costa brasileira quando tivesse superado a doença. Dessa forma eu também incentivava as pessoas que faziam quimioterapia comigo, elas viam que a doença não era ligada somente com a morte, mas com a superação, com a vida e no meu caso, com o mar.

A&A: Você remou o tempo todo sozinho, em algum momento achou que não iria conseguir?
E.M: Fazer esse trajeto sozinho foi mais complicado porque eu não contava com o apoio de ninguém enquanto estava no mar. Mas mesmo assim, eu nunca tive dúvidas de que conseguiria chegar aonde queria. Isso porque se eu venci o câncer, que não dependia do meu esforço, no remo, que eu só precisava da minha força para chegar, eu tiraria de letra (risos).

A&A: Quais foram as maiores dificuldades do trajeto?
E.M
: Eu tive três pontos muito difíceis nessas duas travessias que fiz até agora. O primeiro foi um temporal que eu peguei saindo da Barra do Una e indo em direção a Bertioga. A chuva estava muito forte e eu errei a entrada de Bertioga, acabei tendo que remar por 12 horas até chegar à praia do Perequê, no Guarujá. O segundo momento foi na travessia do canal entre Cananéia e Iguape que aconteceu um fenômeno raro: a maré de Fizigia. Naquele dia a maré mudou apenas duas vezes e não quatro como de costume. Ou seja, tive de remar contra a correnteza durante quase 11 horas, ao invés das sete que eu tinha previsto. O terceiro foi quando eu perdi uma das mochilas de água no mar, entre Iguape e Peruíbe. A maior complicação é que com a radiação do tratamento contra o câncer eu perdi as glândulas salivares. Nesse trajeto tive que remar por cinco horas sem água doce, sendo que normalmente eu bebo em média um litro por hora.

A&A: E para a próxima travessia, no Rio Grande do Sul, você já sabe quais serão os momentos críticos que o esperam?
E.M:
Já previ os principais que serão: corrente de água gelada que vem da antártica, um trecho de 130 quilômetros de mar aberto sem águas calmas ou abrigos e o trajeto que está na rota de navios dos portos perto de Santa Catarina.

A&A: Me fala um pouco sobre o barco, você o escolheu pelo nome?
E.M:
Não tenha dúvidas, escolhi o caiaque que chama VENCEDOR para que fosse vitorioso comigo. A cor dele também é proposital. Vermelho é a cor do câncer e branco é pela paz. O barco é um Sky Rider extremamente instável, porém muito veloz. Ele tem apenas 52 centímetros de largura e quase 6 metros de altura.

A&A: Quantos quilômetros você remou no total?
E.M:
Por enquanto eu remei 641 quilômetros, porém o projeto de remar a costa brasileira tem 12.500 quilômetros.

A&A: Como estão os preparativos para 2008?
E.M:
Eu estou com alguns problemas de logística. Para remar o sul e sudeste foi mais fácil, pois podia levar o caiaque no meu carro. Mas para o restante do Brasil, ainda estou vendo como conseguirei transportar o barco. Fora isso todas as rotas já foram estudadas e pretendo terminar o projeto em maio de 2009.

A&A: Como é essa experiência para você?
E.M:
Remar para mostrar que consegui vencer o câncer me deu ainda mais força. O mais legal é que por todos os lugares que eu passei, seja em praias nobres como no litoral norte de São Paulo ou perto de vilas de pescadores no litoral próximo do Paraná, muita gente se animava em me ver remando e vencendo a doença. Fiquei surpreso quando uma senhora que estava em um iate pediu para tirar uma foto minha para mostrar ao neto, que estava dentro do barco, triste porque estava com câncer. Ou seja, o trajeto que eu estou fazendo tem como objetivo mostrar para as pessoas portadoras da doença que elas também podem vencer o câncer como eu.

Rota escolhida

Até o mês de novembro, Eugênio Manzini concluiu duas etapas do projeto.

- Primeira fase 14 a 21 de abril: Paraty a Santos, em São Paulo – 331 km
- Segunda fase 24 a 28 de outubro: Paranaguá, no Paraná até Peruíbe, em São Paulo – 310 km

Em dezembro ele completará a terceira etapa, finalizando o trecho sul e sudeste do Brasil. A rota desenhada é do Farol de Santa Marta, no Rio Grande do Sul até Guaratuba, no Paraná, entre 22 a 5 de janeiro. Essa etapa terá o total de 655 quilômetros. Durante o ano de 2008 até maio de 2009, Eugênio pretende terminar os 12.500 quilômetros previstos.


Publicado na Aventura e Ação/ edição de janeiro